"Nossa cultura é a macumba, não a ópera. Somos um país sentimental, uma
nação sem gravata"
(Glauber Rocha)


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Judiciário: da berlinda ao contra-ataque...no Pinheirinho



O Pinheirinho é uma resposta. Uma demonstração de força.

Por: Volnei Rosalen

Impossível não chocar-se com as cenas de violência contra os moradores do Pinheiro. Impossível não revoltar-se com a forma como o Judiciário de São Paulo determinou e fez cumprir a violenta desocupação.
Mas há um elemento ainda mais preocupante quando se faz a análise do sentido emprestado à ação do Judiciário, diante do momento de forte sacudida e contestação que enfrenta. Contestação que reflete nada mais nada menos que a necessidade de que o Judiciário efetivamente se democratize. Após mais de 120 anos de República, insiste-se de dentro e de fora, em não democratizá-lo.
Pinheirinho é um aviso. O judiciário encontra-se na berlinda por sucessivos questionamentos contra alguns juízes e tribunais. E pela forma como se tenta evitar que a sociedade participe do debate, até agora monopolizado pela mídia. Em meio a tantas e tão consistentes críticas, surge o Pinheirinho. Impossível não ligar uma coisa à outra.
O Pinheirinho é uma resposta. Uma demonstração de força. Não do Judiciário, mas do capital. A despeito do digno esforço de grande parte dos juízes e de algumas associações e dos sindicatos de trabalhadores, o judiciário não se democratiza. Permanece como o espaço de poder do Estado sobre o qual não se impõe nenhum tipo de controle da sociedade. Não deve explicações à sociedade, apenas a si mesmo. Não deve explicações aos demais poderes, ao contrário, paira sobre eles como poder supremo e soberano, decidindo sobre praticamente tudo.
Um poder demasiado, mas consentido. Consentido pela judicialização da maior parte dos conflitos sociais, e portanto políticos, da atualidade.
A combinação de judicialização com falta de democracia, torna a sentença a última fronteira da defesa dos interesses do capital, sob a força poderosa e incontestável do cumpra-se. E o judiciário, especialmente seus tribunais, inclinam-se suave e persistentemente para o conservadorismo.
Em meio ao debate dos últimos meses sobre o judiciário, o Pinheirinho é um aviso. É preciso ter coragem para realizar uma reforma democrática e democratizante do judiciário. O capital financeiro, através de suas agências, há muito já vem atuando para um judiciário moderno... e dócil aos seus interesses.

Volnei Rosalen, é Diretor do Sinjusc e do Centro de Estudos e Pesquisas em Trabalho Público e Sindicalismo

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Última homenagem ao amigo Mosquito!

Mosquito era um cara engraçado. O conheci ainda em 2004, recém chegado a Florianópolis. Naquele ano e nos anos seguintes, protagonizamos os grandes eventos que ficaram conhecidos como "Revoltas da Catraca". Eu era advogado dos estudantes e cheguei a ser conduzido uma vez a delegacia, por ter enfrentado um coronel da polícia que teimava em tentar dar ordens sobre uma passeata que promovíamos nas proximidades da Praça XV, e depois preso pela tropa de choque numa manifestação que chegava ao fim em frente ao Camelódromo.

Mosquito acompanhava tudo de perto. E se empolgava! Dizia-me que não havia visto nada parecido na cidade desde a Novembrada quando ele foi preso por ter enfrentado o General Figueiredo, junto com a amiga Lelê e outros estudantes da época. Mas dizia que nós tinhamos ido além, pelo nível de organização, etc.

Depois disso ficamos amigos. Quantas vezes andando pelo centro de Florianópolis ele gritava:"Matheus..." E desendava a contar causos e causas. Nos últimos tempos ele tinha vivido disso, de causos que abundavam em seu polêmico Blog "Tijoladas" e de causas, que os pretensos ofendidos lhe moviam aos rodos com a intenção de lhe calar junto a um Judiciário que só serve aos poderosos.

Certa vez eu estava em sala de aula, na UFSC, falando aos meus alunos, o telefone tocou e sinalizou "Mosquito". Atendi e ele me disse do outro lado da linha: "Cara, tô internado aqui no Hospital..." Gritei: "Porra Mosquito, que aconteceu?". Gritou do outro lado: "Passei mal no jogo do Avaí, dizem que é grave, mas, olha: leu o jornal hoje?" E desandou falar dos problemas da cidade, me questionando se eu não toparia mais uma empreitada jurídica com ele.

Esse era o Mosquito: um sujeito que mesmo nas adversidades deixava generosamente seus problemas de lado para se preocupar com o outro ("alter"). É certo que exagerava, é mais certo ainda que se passava e equivocava. Mas era um sujeito generoso, amigo e leal. Ironicamente, foi-se da mesma forma como se foram outros heróis da nação brasileira, a exemplo de Tiradentes. Por isso, deixo aqui esta música do Chico Buarque, que fala um pouco do nosso amigo manezinho inconfidente.

Mosquito, grande abraço CAMARADA!

Tema de "Os Inconfidentes"

Chico Buarque

Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar

Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?

Foi trabalhar para todos
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nessa esquisita batalha
Suas ações e seu nome
Por onde a glória os espalha?

Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria

Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
No entanto à sua passagem
Tudo era como alegria

Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia

Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar

Composição: Chico Buarque (de um poema de Cecilia Meireles)

sábado, 3 de dezembro de 2011

A RÉ DILMA


Dilma na sede da Auditoria Militar no Rio de Janeiro, em novembro de 1970. Ao fundo, os oficiais que a interrogavam sobre sua participação na luta armada escondem o rosto com a mão (Foto: Reprodução que consta no processo da Justiça Militar)

Motorista bêbado que atropelou e matou deputado tem absolvição unânime em Júri Popular no Maranhão


Onório Salvador Batista de 30 anos, que atropelou e matou um deputado na cidade de Caxias-MA após sair bêbado de um bar, foi levado a júri popular acusado por homicídio doloso e teve absolvição unânime. O julgamento foi realizado na tarde desta sexta-feira, dia 25, no fórum de Concórdia. Todos os jurados aceitaram a tese de legítima defesa.

Em depoimento, o réu declara que segundos antes do crime, passava em frente a um supermercado e viu a vítima atravessando a rua em direção a um estacionamento.

“Apesar de ter ingerido uma quantidade relevante de álcool , eu estava voltando pra casa tranquilo, quando vi de longe um rapaz de terno e gravata passando na minha frente. Olhando com um pouco mais de atenção reconheci de quem se tratava. Não tive outra escolha, ao invés de frear acelerei mais”, declarou o acusado.

Segundo o promotor Ubirati Morça, a acusação teve dificuldades na seleção dos jurados, pois todos os indicados a participação no júri já haviam sido lesados de alguma forma e guardavam mágoas da vítima. O júri foi formado por 10 pessoas.